quinta-feira, 4 de julho de 2019

Questões sobre o Trovadorismo


Questões sobre o Trovadorismo

1. Mackenzie - 2005
Assinale a alternativa correta com relação ao Trovadorismo.
Texto I
Ondas do mar de Vigo,
Se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
Se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martin Codasc

Texto II
Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da canção paralelística (...)
O "cantar de amor" foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros.
Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei com a cabeça cheia de "velidas" e "mha senhor" e "nula ren".
Sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando.
O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga.

Manuel Bandeira

a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres camponesas.

b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura antropocêntrica.

c) Devido ao grande prestígio que teve durante a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.

d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente.

e) Tanto no plano temático como no expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões estilísticos greco-romanos.





2. Mackenzie – SP
Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal.
a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e a música.
b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros.
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre o senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e extrema submissão.
d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.
e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas.


3. Vunesp-2004
A próxima questão toma por base uma cantiga do trovador galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema Confessor Medieval, de Cecília Meireles (1901-1964).

Cantiga Bailemos nós já todas três, ai amigas,
So aquestas avelaneiras frolidas, (frolidas = floridas)
E quem for velida, como nós, velidas, (velida = formosa)
Se amigo amar,
So aquestas avelaneiras frolidas (aquestas = estas)
Verrá bailar. (verrá = virá)
Bailemos nós já todas três, ai irmanas, (irmanas = irmãs)
So aqueste ramo destas avelanas, (aqueste = este)
E quem for louçana, como nós, louçanas, (louçana = formosa)
Se amigo amar,
So aqueste ramo destas avelanas (avelanas = avelaneiras)
Verrá bailar.
Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos, (mentr’al = enquanto outras coisas)
So aqueste ramo frolido bailemos,
E quem bem parecer, como nós parecemos (bem parecer = tiver belo aspecto)
Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo que bailemos
Verrá bailar.

(Airas Nunes, de Santiago. In: SPINA, Segismundo. Presença da Literatura Portuguesa - I. Era Medieval. 2ª ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1966.)

Irias à bailia com teu amigo, Se ele não te dera saia de sirgo? (sirgo = seda)
Se te dera apenas um anel de vidro Irias com ele por sombra e perigo?
Irias à bailia sem teu amigo, Se ele não pudesse ir bailar contigo?
Irias com ele se te houvessem dito Que o amigo que amavas é teu inimigo?
Sem a flor no peito, sem saia de sirgo, Irias sem ele, e sem anel de vidro?
Irias à bailia, já sem teu amigo,
E sem nenhum suspiro?

(Cecília Meireles. Poesias completas de Cecília Meireles - v. 8. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.)

As cantigas que focalizam temas amorosos apresentam-se em dois gêneros na poesia trovadoresca: as “cantigas de amor”, em que o eu-poemático representa a figura do namorado (o “amigo”), e as “cantigas de amigo”, em que o eu-poemático representa a figura da mulher amada (a “amiga”) falando de seu amor ao “amigo”, por vezes dirigindo-se a ele ou dialogando com ele, com outras “amigas” ou, mesmo, com um confidente (a mãe, a irmã, etc.). De posse desta informação,

a) classifique a cantiga de Airas Nunes em um dos dois gêneros, apresentando a justificativa dessa resposta.

b) identifique, levando em consideração o próprio título, a figura que o eu-poemático do poema de Cecília Meireles representa.


4. ESPCEX 
É correto afirmar sobre o Trovadorismo que:
a) os poemas são produzidos para ser encenados.
b) as cantigas de escárnio e maldizer têm temáticas amorosas.
c) nas cantigas de amigo, o eu lírico é sempre feminino.
d) as cantigas de amigo têm estrutura poética complicada.
e) as cantigas de amor são de origem nitidamente popular.


5. FUVEST 
Interpretando historicamente a relação de vassalagem entre homem amante/mulher amada, ou mulher amante/homem amado, pode-se afirmar que:
a) o Trovadorismo corresponde ao Renascimento.
b) o Trovadorismo corresponde ao movimento humanista.
c) o Trovadorismo corresponde ao Feudalismo. 
d) o Trovadorismo e o Medievalismo só poderiam ser provençais.
e) tanto o Trovadorismo como o Humanismo são expressões da decadência medieval.


6. FUVEST
O Trovadorismo, quanto ao tempo em que se instala:
a)  tem concepções clássicas do fazer poético.
b)  é rígido quanto ao uso da linguagem que, geralmente, é erudita.
c)  estabeleceu-se num longo período que dura 10 séculos.
d)  tinha como concepção poética a epopeia, a louvação dos heróis.
e)  reflete as relações de vassalagem nas cantigas de amor. 


7. UNIFESP
Senhor feudal
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.

Oswald de Andrade

O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a ideia de poder retoma o conceito de:

a) fé religiosa.
b) relação de vassalagem. 
c) idealização do amor.
d) saudade de um ente distante.
e) igualdade entre as pessoas.


8.  VUNESP 
Assinale a alternativa INCORRETA com relação à Literatura Portuguesa:

a) O ambiente das cantigas de amor é sempre o palácio, com o trovador declarando seu amor por uma dama (tratada de “senhor”, isto é, senhora). Daí o relacionamento respeitoso, cortês, dentro dos mais puros padrões medievais que caracterizam a vassalagem, a servidão amorosa. 

b) o teatro vicentino é basicamente caracterizado pela sátira, criticando o comportamento de todas as camadas sociais: a nobreza, o clero e o povo. Gil Vicente não tem preocupação de fixar tipos psicológicos, e sim a de fixar tipos sociais. 

c) o marco inicial do Romantismo em Portugal é a publicação do poema “Camões”. Todavia, a nova estética literária só viria a se firmar uma década depois com a Questão Coimbrã, quando se aceitou o papel revolucionário da nova poesia e a independência dos novos poetas em relação aos velhos mestres. 

d) Eça de Queirós, em sua obra, dedica-se a montar um vasto painel da sociedade portuguesa, retratada em seus múltiplos aspectos: a cidade provinciana; a influência do clero; a média e a alta burguesia de Lisboa; os intelectuais e a aristocracia. 

e) A mais rica, densa e intrigante faceta da obra de Fernando Pessoa diz respeito ao fenômeno da heteronímia que deu aos poetas Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos biografias, características, traços de personalidade e formação cultural diferentes.


9. UNIFESP
TEXTO PARA A QUESTÃO:
TEXTO I
Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores sombrio,
Estava o triste Almeno
Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
(Luís de Camões, Ao longo do sereno.)


TEXTO II
Bailemos nós ia todas tres, ay irmanas,
so aqueste ramo destas auelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
uerrá baylar.

(Aires Nunes. In Nunes, J. J., Crestomatia arcaica.)


TEXTO III
Tão cedo passa tudo quanto passa!
morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.

(Fernando Pessoa, Obra poética.)


TEXTO IV
Os privilégios que os Reis
Não podem dar, pode Amor,
Que faz qualquer amador
Livre das humanas leis.
mortes e guerras cruéis,
Ferro, frio, fogo e neve,
Tudo sofre quem o serve.

(Luís de Camões, Obra completa.)


TEXTO V
As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)

(Mário de Sá Carneiro, Poesias.) 

 A alternativa que indica texto que faz parte da poesia medieval da fase trovadoresca é
a) I.   
b) II. 
c) III.   
d) IV.   
e) V.   

10. (MACKENZIE)
Em meados do século XIV, a poesia trovadoresca entra em decadência, surgindo, em seu lugar, uma nova forma de poesia, totalmente distanciada da música, apresentando amadurecimento técnico, com novos recursos estilísticos e novas formas poemáticas, como a trova, a esparsa e o vilancete.

Assinale a alternativa em que há um trecho representativo de tal tendência.

a) Non chegou, madre, o meu amigo,
e oje est o prazo saido!
Ai, madre, moiro d'amor!

b) Êstes olhos nunca perderán,
senhor, gran coita, mentr'eu vivo fôr;
e direi-vos fremosa, mia senhor,
dêstes meus olhos a coita que han:
choran e cegan, quand'alguém non veen,
e ora cegan por alguen que veen.

c) Meu amor, tanto vos amo,
que meu desejo não ousa
desejar nehua cousa.
Porque, se a desejasse,
logo a esperaria,e se eu a esperasse,
sei que vós anojaria:
mil vezes a morte chamo
e meu desejo não ousa
desejar-me outra cousa. 

d) Amigos, non poss'eu negar
a gran coita que d'amor hei,
ca me vejo sandeu andar,
e con sandece o direi:
os olhos verdes que eu vi
me fazen ora andar assi.

e) Ai! dona fea, foste-vos queixar
por (que) vos nunca louv'em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar,
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar.
dona fea, velha e sandia!



Gabarito:

1. D
2. A
3. 
a) Cantiga de amigo, pois há a presença do eu lírico feminino e os interlocutores são amigas desse interlocutor.
b) O eu-poemático, como o título diz (Confessor Medieval), trata-se da figura de um religioso ou confidente que aconselha a moça.
4. C
5. C
6. E
7. B
8. C
9. B

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