O poeta português Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, dia 13 de Junho de 1888. Era filho de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, e D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, nascida em Açores.
Ele é considerado um dos maiores escritores de língua portuguesa. Destacou-se na poesia, principalmente pela genialidade da criação de seus heterônimos.
A infância do poeta foi bastante difícil. Com apenas cinco anos de idade, ele ficou órfão de pai, vítima da tuberculose.
A família, em estado de pobreza, optou por leiloar sua mobília e passou a viver em uma residência mais simples. Nessa mesma época, nasceu seu irmão Jorge, que faleceu com menos de um ano de idade.
Ele é considerado um dos maiores escritores de língua portuguesa. Destacou-se na poesia, principalmente pela genialidade da criação de seus heterônimos.
A infância do poeta foi bastante difícil. Com apenas cinco anos de idade, ele ficou órfão de pai, vítima da tuberculose.
A família, em estado de pobreza, optou por leiloar sua mobília e passou a viver em uma residência mais simples. Nessa mesma época, nasceu seu irmão Jorge, que faleceu com menos de um ano de idade.
Aos 6 anos, Fernando cria seu primeiro heterônimo, chamado "Chevalierde Pas”. Ainda nesse período, escreveu seu primeiro poema:, intitulado “À Minha Querida Mamã”:
"Ó terras de Portugal
Ó terras onde eu nasci
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti."
Em 1895, sua mãe casou-se novamente com um comandante nomeado cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul.
Assim, a família passou a viver na África, onde o poeta recebeu educação inglesa primeiramente num colégio de freiras da West Street e depois na Durban High School.
Assim, a família passou a viver na África, onde o poeta recebeu educação inglesa primeiramente num colégio de freiras da West Street e depois na Durban High School.
A morte continuou influenciando drasticamente a sua vida. Destacam-se a morte de suas irmãs Madalena Henriqueta, que faleceu em 1901, com apenas 3 anos, e Maria Clara, com apenas 2 anos, em 1904.
Em 1902, aos 14 anos, Fernando retornou com a família para Portugal. Três anos depois, matriculou-se na Faculdade de Letras no curso de Filosofia,mas não chegou a concluir o curso.
Começou a dedicar-se efetivamente à literatura a partir de 1915, quando juntou-se a um grupo de intelectuais. Destacavam-se os escritores portugueses modernistas: Mario de Sá-Carneiro (1890-1916) e Almada Negreiros (1893-1970).
Fundou a "Revista Orfeu", importante publicação portuguesa. Em 1921, Pessoa fundou a Editora Olisipo, onde publicou poemas em inglês.
Em 1924 fundou a Revista “Atena”, com Ruy Vaz e em 1926, trabalhou como codiretor da “Revista de Comércio e Contabilidade”. No ano seguinte, passou a colaborar com a "Revista Presença".
A literatura, no entanto, era apenas uma de suas habilidades. Ele trabalhou também como crítico literário, crítico político, editor, jornalista, publicitário, empresário e astrólogo, sendo considerado também, um grande apreciador do ocultismo.
Fernando Pessoa faleceu em sua cidade natal, dia 30 de Novembro de 1935, vítima de cirrose hepática, aos 47 anos.
Obras de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa escreveu poesia e prosa em português, inglês e francês e trabalhou com traduções e críticas.
Sua poesia é caracterizada pelo lirismo e pela subjetividade, voltada para a metalinguagem. Os temas explorados pelo poeta são dos mais variados, embora tenha escrito muito sobre sua terra natal, Portugal.
Obras publicadas:
- 35 Sonnets (1918)
- Antinous (1918)
- English Poems, I, II e III (1921)
- Mensagem (1934)
- Poesias de Fernando Pessoa (1942)
- A Nova Poesia Portuguesa (1944)
- Poemas Dramáticos (1952)
- Novas Poesias Inéditas (1973)
- Poemas Ingleses Publicados por Fernando Pessoa (1974)
- Cartas de Amor de Fernando Pessoa (1978)
- Sobre Portugal (1979)
- Textos de Crítica e de Intervenção (1980)
- Obra Poética de Fernando Pessoa (1986)
- Primeiro Fausto (1986)
Heterônimos:
Fernando Pessoa criou inúmeros personagens, dentre eles seus heterônimos. Diferentes dos simples pseudônimos, eles possuíam vida, data de nascimento, de morte, personalidade bem definida, mapa astral e estilo literário próprio.
Os heterônimos mais importantes de Pessoa são:
Ricardo Reis
Recebeu uma educação tradicional e formou-se em medicina. Era considerado um grande defensor da monarquia.
Dono de uma linguagem culta e estilo neoclássico, alguns temas presentes em sua obra são mitologia, morte e vida. Possuía grande interesse pela cultura latina e helenista.
Dono de uma linguagem culta e estilo neoclássico, alguns temas presentes em sua obra são mitologia, morte e vida. Possuía grande interesse pela cultura latina e helenista.
Um dos poemas de Ricardo Reis:
Anjos ou Deuses
"Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
A visão perturbada de que acima
De nos e compelindo-nos
Agem outras presenças.
Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem e nós não desejamos."
Álvaro de Campos
Engenheiro português que recebeu educação inglesa. Sua obra, repleta é de pessimismo e intimismo, e possui forte influência do simbolismo, decadentismo e futurismo.
As “Poesias de Álvaro de Campos” foi publicada postumamente, em 1944.
As “Poesias de Álvaro de Campos” foi publicada postumamente, em 1944.
Poema de Álvaro de Campos:
Tabacaria
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa."
Alberto Caeiro
Possui uma linguagem simples, direta e temas que se aproximam da natureza, Alberto Caieiro cursou apenas a escola primária. Embora ele tenha sido um dos mais famosos heterônimos de Fernando Pessoa.
Foi um anti-intelectualista, anti-metafísico, rejeitando, dessa forma, temas filosóficos, místicos e subjetivos. Foi publicada, postumamente, as “Poesias de Alberto Caeiro” (1946).
Segue abaixo um de seus poemas:
O Guardador de Rebanhos
"Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora."
Bernardo Soares
Considerado um semi-heterônimo, pois o poeta projetou nele algumas de suas características, como define o próprio Pessoa:
“Não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade”.
Bernardo é autor do “Livro dos Desassossegos”, considerada uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século XX.
Narrada em prosa, é uma espécie de autobiografia. Na trama, Bernardo Soares é um ajudante de guarda-livros em Lisboa, ao lado de Fernando Pessoa.
Este é um de seus poemas:
Isto
"Dizem que finjo ou minto
Tudo o que escrevo.
Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério de que não é.
Sentir?
Sinta quem lê!"
Fernando Pessoa, ele mesmo
O poeta também escreveu sem utilizar seus heterônimos.
Seguem alguns de seus poemas:
Autopsicografia
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
Isto
"Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está de pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!"
Presságio
"O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..."
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