1. ENEM 2009
Metáfora
Gilberto Gil
Uma
lata existe para conter algo,
Mas
quando o poeta diz: “Lata”
Pode
estar querendo dizer o incontível
Uma
meta existe para ser um alvo,
Mas
quando o poeta diz: “Meta”
Pode
estar querendo dizer o inatingível
Por
isso não se meta a exigir do poeta
Que
determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo nada cabe,
Pois
ao poeta cabe fazer
Com
que na lata venha caber
O
incabível
Deixe
a meta do poeta não discuta,
Deixe
a sua meta fora da disputa
Meta
dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a
simplesmente metáfora.
A metáfora é a figura de
linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia
entre elementos.
O texto de Gilberto Gil brinca
com a linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O tre-cho em que se
identifica a metáfora é:
a) “Uma lata existe para conter algo”.
b) “Mas quando o poeta diz:
’Lata’”.
c) “Uma meta existe para ser um
alvo”.
d) “Por isso não se meta a
exigir do poeta”.
e) “Que
determine o conteúdo em sua lata”.
2.ENEM 2014
Os meios de
comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os
quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a
metáfora do pesadelo para:
a) informar crianças vítimas de
abuso sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la.
b) denunciar ocorrências de
abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia.
c) dar a devida dimensão do que
é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia.
d) destacar que a violência
sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos
responsáveis nesse período.
e) chamar a
atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o sono, sendo confundido
por algumas crianças com um pesadelo.
3. ENEM 2016
O adolescente
A
vida é tão bela que chega a dar medo
Não
o medo que paralisa e gela,
estátua
súbita,
mas
esse medo fascinante e fremente de curiosidade
[que
faz o jovem felino seguir para frente farejando o vento
ao
sair, a primeira vez, da gruta.
Medo
que ofusca: luz!
Cumplicentemente,
as
folhas contam-te um segredo
velho
como o mundo:
Adolescente,
olha! A vida é nova...
A
vida é nova e anda nua
-
vestida apenas com o teu desejo!
(QUINTANA, M. Naruz vidro. São Paulo: Moderna,98)
Ao abordar uma etapa do desenvolvimento humano, o poema mobiliza diferentes estratégias de composição. O principal recurso expressivo empregado para a construção de uma imagem da adolescência é a:
a) hipérbole do medo.
b) metáfora da estátua.
c) personificação da vida.
d) antítese entre juventude e
velhice.
e) comparação
entre desejo e nudez.
4. ENEM 2014
Talvez
pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um
caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se
seguiram ao inven-tário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de
avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma
virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o
défict.
Como
era muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro.
O único fato alegado neste particular era o de mandar com frequência escravos
ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só
mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contra-bandeado
em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse
gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole
original de um homem o que é puro efeito de relações sociais.
A
prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos
filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova
irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de
várias irmandades, e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito
com a reputação da avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a
irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo.
(ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992)
Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memória póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia. Descrevendo a mo-ral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao:
a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança paterna.
b) atribuir a “efeito de
relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e torturava os
escravos.
c)
considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda
da filha Sara.
d)
menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de
várias irmandades.
e)
insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um retrato
a óleo.
5. ENEM 2019
Uma ouriça
Se o de longe esboça lhe chegar perto,
se fecha (convexo integral de esfera),
se eriça (bélica e multiespinhenta):
e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
Mas não passiva (como ouriço na loca);
nem só defensiva (como se eriça o gato);
sim agressiva (como jamais o ouriço),
do agressivo capaz de bote, de salto
(não do salto para trás, como o gato):
daquele capaz de salto para o assalto.
Se o de longe lhe chega em (de longe),
de esfera aos espinhos, ela se desouriça.
Reconverte: o metal hermético e armado
na carne de antes (côncava e propícia),
e as molas felinas (para o assalto),
nas molas em espiral (para o abraço).
MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de
a) tenacidade transformada em brandura.
b) obstinação
traduzida em isolamento.
c) inércia
provocada pelo desejo platônico.
d) irreverência
cultivada de forma cautelosa.
e) desconfiança consumada pela intolerância.
Gabarito:
1. E
2. C
3. C
4. B
5. A
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