segunda-feira, 21 de setembro de 2020

ENEM - Questões sobre as figuras de linguagem


1. ENEM 2009

Metáfora

Gilberto Gil

Uma lata existe para conter algo,

Mas quando o poeta diz: “Lata”

Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo,

Mas quando o poeta diz: “Meta”

Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso não se meta a exigir do poeta

Que determine o conteúdo em sua lata

Na lata do poeta tudo nada cabe,

Pois ao poeta cabe fazer

Com que na lata venha caber

O incabível

Deixe a meta do poeta não discuta,

Deixe a sua meta fora da disputa

Meta dentro e fora, lata absoluta

Deixe-a simplesmente metáfora.

 

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos.

O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O tre-cho em que se identifica a metáfora é:

a) “Uma lata existe para conter algo”.

b) “Mas quando o poeta diz: ’Lata’”.

c) “Uma meta existe para ser um alvo”.

d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.

e) “Que determine o conteúdo em sua lata”.

 




2.ENEM 2014

Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para:

a) informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la.

b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia.

c) dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia.

d) destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período.

e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo.

 

3. ENEM 2016

O adolescente

A vida é tão bela que chega a dar medo

Não o medo que paralisa e gela,

estátua súbita,

mas esse medo fascinante e fremente de curiosidade

[que faz o jovem felino seguir para frente farejando o vento

ao sair, a primeira vez, da gruta.

Medo que ofusca: luz!

Cumplicentemente,

as folhas contam-te um segredo

velho como o mundo:

Adolescente, olha! A vida é nova...

A vida é nova e anda nua

- vestida apenas com o teu desejo!

(QUINTANA, M. Naruz vidro. São Paulo: Moderna,98)

Ao abordar uma etapa do desenvolvimento humano, o poema mobiliza diferentes estratégias de composição. O principal recurso expressivo empregado para a construção de uma imagem da adolescência é a:

a) hipérbole do medo.

b) metáfora da estátua.

c) personificação da vida.

d) antítese entre juventude e velhice.

e) comparação entre desejo e nudez.

 

4. ENEM 2014

Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inven-tário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o défict.

Como era muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar com frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contra-bandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações sociais.

A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo.

(ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992)

Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memória póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia. Descrevendo a mo-ral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao:

a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança paterna.

b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e torturava os escravos.

c) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da filha Sara.

d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias irmandades.

e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo.

 

5. ENEM 2019

Uma ouriça

Se o de longe esboça lhe chegar perto,

se fecha (convexo integral de esfera),

se eriça (bélica e multiespinhenta):

e, esfera e espinho, se ouriça à espera.

Mas não passiva (como ouriço na loca);

nem só defensiva (como se eriça o gato);

sim agressiva (como jamais o ouriço),

do agressivo capaz de bote, de salto

(não do salto para trás, como o gato):

daquele capaz de salto para o assalto.

Se o de longe lhe chega em (de longe),

de esfera aos espinhos, ela se desouriça.

Reconverte: o metal hermético e armado

na carne de antes (côncava e propícia),

e as molas felinas (para o assalto),

nas molas em espiral (para o abraço).


MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de

a)  tenacidade transformada em brandura.

b)  obstinação traduzida em isolamento.

c)  inércia provocada pelo desejo platônico.

d)  irreverência cultivada de forma cautelosa.

e)  desconfiança consumada pela intolerância.

 

Gabarito:

1. E

2. C

3. C

4. B

5. A

 

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