1. ENEM 2011
Nascido em 1935, José Francisco Borges ou J.
Borges, como prefere ser chamado, é um dos mais expressivos artistas populares
do Brasil. Considerado por Ariano Suassuna o maior gravador popular do país, o
artista foi um dos ilustradores do calendário da ONU do ano de 2002.
Autodidata, J. Borges publicou seu primeiro cordel em 1964, intitulado O
Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina, seguido de O Verdadeiro Aviso
de Frei Damião Sobre os Castigos que Vêm, cuja publicação deu início à sua
carreira de gravador. Na década de 1970, artistas plásticos, intelectuais e
marchands passaram a encomendar suas xilogravuras, o que levou as imagens a
ganharem cada vez mais autonomia em relação ao cordel. Desde então, o
itinerário do artista vem se fortalecendo pela transmissão dos conhecimentos da
xilogravura às novas gerações de sua família, com quem mantém a Casa de Cultura
Serra Negra, no sertão pernambucano.
a) com temas de personagens do folclore popular, crenças e futilidades dos mais necessitados.
b)
das grandes cidades, com a preocupação de uma representação realista da figura
humana nordestina.
c)
com personagens fantasiosos, beatos e cangaceiros presentes nas crenças da
população nordestina.
d)
de conteúdo histórico e político do Nordeste brasileiro, com a intenção de
valorizar as diferenças sociais.
E)
do seu próprio universo, revelando personagens com aparência humilde em vestes
requintadas.
2. ENEM 2013
História
da máquina que faz o mundo rodar
Cego, aleijado e moleque,
Padre, doutor e soldado,
Inspetor, juiz de direito,
Comandante e delegado,
Tudo, tudo joga o dinheiro
Esperando bom resultado.
Matuto, senhor de engenho,
Praciano e mandioqueiro,
Do agreste ao sertão
Todos jogam seu dinheiro
Se um diz que é mentiroso
Outro diz que é verdadeiro.
Na opinião do povo
Não tem quem possa mandar
Faça ou não faça a máquina
O povo tem que esperar
Por que quem joga dinheiro
Só espera mesmo é ganhar.
Assim é que muitos pensam
Que no abismo não cai
Que quem não for no Juazeiro
Depois de morto ainda vai,
Assim também é crença
Que a dita máquina sai.
Quando um diz: ele não faz,
Já outro fica zangado
Dizendo: assim como Cristo
Morreu e foi ressuscitado
Ele também faz a máquina
E seu dinheiro é lucrado.
No fragmento, as escolhas lexicais remetem às origens geográficas e sociais da literatura de cordel. Exemplifica essa remissão o uso de palavras como:
a) comandante, delegado, dinheiro, resultado, praciano.
b) agreste, sertão, Juazeiro, matuto, senhor de engenho.
c) cego, aleijado, moleque, soldado, juiz de direito.
d) mentiroso, verdadeiro, joga, ganhar.
e)
morto, crença, zangado, Cristo.
3. ENEM 2013
O
cordelista por ele mesmo
Aos doze anos eu era
forte, esperto e nutrido.
Vinha do Sítio
muito alegre e divertido
vender cestos e balaios
que eu mesmo havia tecido.
Passava o dia na feira
e à tarde regressava
levando umas panelas
que minha mãe comprava
e bebendo água salgada
nas cacimbas onde passava.
(BORGES, J. F. Dicionário dos sonhos e outras histórias de cordel. Porto Alegre: LP&M, 2003 - fragmento)
Literatura
de cordel é uma criação popular em verso, cuja linguagem privilegia,
tematicamente, histórias de cunho regional, lendas, fatos ocorridos para firmar
certas crenças e ações destacadas nas sociedades locais. A respeito do uso das
formas variantes da linguagem no Brasil, o verso do fragmento que permite
reconhecer uma região brasileira é:
a) “levando umas panelas”.
b)
“Passava o dia na feira”.
c)
“muito alegre e divertido”.
d)
“nas cacimbas onde passava”.
e)
“que minha mãe comprava”.
4. ENEM 2014
Cordel resiste à tecnologia gráfica
O Cariri mantém uma das mais ricas
tradições da cultura popular. É a literatura de cordel, que atravessa os
séculos sem ser destruída pela avalanche de modernidade que invade o sertão
lírico e telúrico. Na contramão do progresso, que informatizou a indústria
gráfica, a Lira Nordestina, de Juazeiro do Norte, e a Academia dos Cordelistas
do Crato conservam, em suas oficinas, velhas máquinas para impressão dos seus
cordéis.
A chapa para impressão do cordel é
feita à mão, letra por letra, um trabalho artesanal que dura cerca de uma hora
para confecção de uma página. Em seguida, a chapa é levada para a impressora,
também manual, para imprimir. A manutenção desse sistema antigo de impressão
faz parte da filosofia do trabalho. A outra etapa é a confecção da xilogravura
para a capa do cordel.
As xilogravuras são ilustrações
populares obtidas por gravuras talhadas em madeira. A origem da xilogravura
nordestina até hoje é ignorada. Acredita-se que os missionários portugueses
tenham ensinado sua técnica aos índios, como uma atividade extra-catequese,
partindo do princípio religioso que defende a necessidade de ocupar as mãos
para que a mente não fique livre, sujeita aos maus pensamentos, ao pecado. A
xilogravura antecedeu ao clichê, placa fotomecanicamente gravada em relevo
sobre metal,
usualmente zinco, que era utilizada nos jornais impressos em rotoplanas.
A estratégia gráfica constituída pela união entre as técnicas da impressão manual e da confecção da xilogravura na produção de folhetos de cordel:
a) realça a importância da xilogravura sobre o clichê.
b)
oportuniza a renovação dessa arte na modernidade.
c)
demonstra a utilidade desses textos para a catequese.
d)
revela a necessidade da busca das origens dessa literatura.
e)
auxilia na manutenção da essência identitária dessa tradição popular.
5. ENEM 2014
A literatura de cordel é ainda considerada, por
muitos, uma literatura menor. A alma do homem não é mensurável e — desde que o
cordel possa exprimir a história, a ideologia e os sentimentos de qualquer
homem — vai ser sempre o gênero literário preferido de quem procura apreender o
espírito nordestino. Os costumes, a língua, os sonhos, os medos e as alegrias
do povo estão no cordel. Na nossa época, apesar dos jornais e da TV — que
poderiam ter feito diminuir o interesse neste tipo de literatura — e da falta
de apoio econômico, o cordel continua vivo no interior e em cenáculos
acadêmicos.
A literatura de cordel, as xilogravuras e o repente
não foram apenas um divertimento do povo. Cordéis e cantorias foram o professor
que ensinava as primeiras letras e o médico que falava para inculcar
comportamentos sanitários. O cordel e o repente fazem, muitas vezes, de um
candidato o ganhador da banca de deputado. E assim, lendo e ouvindo, foi-se
formando a memória coletiva desse povo alegre e trabalhador, que embora calmo,
enfrenta o mar e o sertão com a mesma valentia.
(BRICKMANN, L. B. E de repente foi o cordel)
O gênero textual cordel, também conhecido como folheto, tem origem em relatos orais e constitui uma forma literária popular no Brasil. A leitura do texto sobre a literatura de cordel permite:
a) descrever esse gênero textual exclusivamente como instrumento político.
b)
valorizar o povo nordestino, que tem no cordel sua única forma de expressão.
c)
ressaltar sua importância e preservar a memória cultural de nosso povo.
d)
avaliar o baixo custo econômico dos folhetos expostos em barbantes.
e)
informar aos leitores o baixo valor literário desse tipo de produção.
Gabarito:
1.
C
2.
B
3.
D
4.
E
5.
C
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