quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Os mitos e as lendas




Os mitos são histórias fantásticas, que costumam ocorrer fora das linhas de tempo convencionais, geralmente envolvendo deuses e monstros e servem para explicar certos fatos por meio de metáforas e simbolismos. 



O estudo da mitologia é muito importante para a reconstituição da forma como determinado povo enxergava o mundo, assim como de suas crenças religiosas. Assim, há também uma análise comparativa entre diferentes mitologias a fim de encontrar aproximações entre elas. 

Um exemplo é o da mitologia grega, a história da Caixa de Pandora é usada para explicar como os males e doenças chegaram à Terra. 

Outro mito grego bastante conhecido é a história de Prometeu, que roubou o fogo de Zeus para dar aos humanos. Já um mito contemporâneo comum, é de que os gatos pretos trazem má sorte, o que não tem nenhuma evidência. 

A lenda é uma narrativa fictícia transmitida através dos tempos oralmente. Elas combinam fatos reais e históricos com outros inventados. 

As lendas geralmente criam explicações plausíveis, e de certa forma, aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. 

Como são transmitidas oralmente, podem sofrer alterações com o passar do tempo. 

Algumas das lendas brasileiras: 

Região Norte 

O Bicho -Papão 

A imagem do bicho-papão pode variar de acordo com a região. Segundo a tradição, o bicho-papão se esconde no quarto das crianças mal educadas, nos armários, nas gavetas e debaixo da cama para assustá-las no meio da noite. Outro variação é tipo de bicho-papão que surge nas noites sem luar e coloca as crianças mentirosas em um saco pra fazer sabão. Quando uma criança faz algo errado, ela deve pedir desculpas, caso contrário, segundo a lenda, receberá uma visita do bicho-papão. 

O Lobisomem 

O Lobisomem é o resultado de uma oração poderosa feita numa noite de sexta-feira, de preferência de Lua Cheia, num estábulo ou cocheira de burro ou cavalo,onde a pessoa rola no local como se fosse o animal, dizendo a reza que é feita como pacto com entidades malignas. 

Em algumas regiões, a transformação em Lobisomem acontece numa noite de sexta-feira, sempre meia noite numa encruzilhada, onde repetindo os movimentos de um cavalo rolando no chão, a pessoa transforma-se. 

O Saci Pererê 

Saci é um menino levado, negro, que possui apenas uma perna, usa um gorro vermelho na cabeça e fica o tempo todo fumando cachimbo. 

Costuma correr atrás dos animais para assustá-los, gosta de montar em cavalos e dar nó em suas crinas. O Saci Pererê pode também aparecer e desaparecer misteriosamente, é muito inquieto e não para um instante sequer, pois fica pulando de um lugar para outro e toda vez que apronta as suas travessuras, ele dá risadas alegres e agudas e gosta de assobiar, principalmente quando não existem as noites de luar. 


Região Nordeste 

O Bicho-Homem 

É uma criatura alta, quase um gigante, com um olho só no meio da testa, também tem um só pé redondo e enorme, que quando caminha vai deixando pelo chão grandes pegadas redondas. Os dedos de suas mãos são compridos e disformes, as unhas longas e afiadas, e os gritos que costuma emitir, assustam os moradores da região onde habitualmente ele se esconde. Quem já o viu diz que ele é muito grande, forte, e extremamente feroz. 

A Cuca 

A Cuca é um dos principais seres mitológicos do folclore brasileiro. Ela é conhecida popularmente como uma velha bem feia na forma de jacaré que rouba as crianças que não obedecem. 

Ela dorme uma noite a cada 7 anos, e quando fica brava dá um berro que dá pra ouvir a 10 léguas de distância. Pelo fato da Cuca praticamente não dormir, alguns adultos tentam assustar as crianças que não querem dormir, dizendo que se elas não dormirem, a Cuca irá pegá-las. 


Região Centro-Oeste 

Pai do Mato 

De acordo com a Lenda, o Pai do Mato vive nas matas defendendo os bichos contra as pessoas, poucos já o viram, pois ele raramente aparece. Ele tem as seguintes características: aparentemente tem a altura de um homem, possui o corpo coberto de pêlos e as mãos como a dos macacos. No rosto dele há uma barbicha preta e ele têm o nariz na cor azul. 

O Arranca-Línguas 

O Arranca Línguas é como um grande Gorila, porém muito maior do que um Gorila ou um homem. 

Pelo o que contam, um dos seus principais alimentos é a língua, que pode ser tanto de animais, como bois, cavalos, cabras ou mesmo de gente. Costuma atacar suas vítimas à noite, matando-as e retirando-lhes a língua para comer, é por isso que recebe o nome de Arranca Línguas. Esta Lenda é muito comum no Estado de Goiás e na região do Rio Araguaia. 


Região Sudeste 

A Porca dos Sete Leitões 

Diz a lenda que uma Baronesa praticava muitas maldades contra seus escravos. Os escravos, cansados de tanta crueldade, resolveram tomar uma atitude. 

Um feiticeiro negro, revoltado, lançou um feitiço na Baronesa, ela foi transformada em porca e seus sete filhos foram transformados em porquinhos. Segundo dizem, a sina deles é andar fuçando com o focinho no chão a procura de um anel enterrado, quando encontrarem esse anel, quebrarão o feitiço e voltarão a ser o que eram antes. 


Região Sul 

O João-de-barro 

De acordo com a lenda, há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma linda moça. Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento. 

O pai dela então perguntou:
- Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?
- As provas do meu amor! - respondeu o jovem Jaebé.
O velho gostou da resposta, mas achou o jovem atrevido, então disse:
- O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
- E eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei. 

Toda a tribo se admirou com a coragem do jovem. O velho ordenou que se iniciasse a prova. Então, enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada chorava e implorava à deusa Lua que o mantivesse vivo. O tempo foi passando e certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer. 

E o velho respondeu:
- Ele é arrogante, falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece. 

Esperou então até o último momento do novo dia, então ordenou:
- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé. 

Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seus olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e tinha um perfume de amêndoas. Todos ficaram admirados quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro! 

E foi naquele exato momento que os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, para a floresta onde desapareceram para sempre. 

Podemos constatar a prova do grande amor que uniu esses dois jovens no cuidado com que o joão-de-barro constrói sua casa e protege os filhotes. As pessoas admiram o pássaro joão-de-barro porque se lembram da força de Jaebé, uma força que nasceu do amor e foi maior que a morte. 

O Negrinho do Pastoreio 

Diz a lenda que durante a escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Em um dia de inverno, fazia muito frio e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros que acabara de comprar. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. Disse o estancieiro: "Você vai me dar conta do cavalo, ou verá o que acontece". Aflito, o menino foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou o cavalo pastando. Laçou-o, mas a corda arrebentou e o cavalo fugiu de novo. 

De volta à estância, o estancieiro, ainda mais irritado, bateu novamente no menino e o amarrou nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o cavalo que fugiu e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha. A partir disso, entre os andarilhos, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam a notícia, de ter visto passar, como levada em pastoreio, uma tropilha de tordilhos, tocada por um Negrinho, montado em um cavalo. Desde então, quando qualquer cristão perdia uma coisa, fosse qualquer coisa, pela noite o Negrinho procurava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o livrou do cativeiro e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver. 

Quem perder coisas no campo, deve acender uma vela junto de algum mourão ou sob os ramos das árvores, para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo: "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Se ele não achar, ninguém mais acha.

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