sábado, 4 de novembro de 2017

As variações linguísticas

  
A variação linguística

Primeiramente, é importante estabelecer as diferenças entre a gramática normativa e a internalizada.

A gramática normativa é aquela que tem como referência os usos tradicionais da língua, descrevendo as normas e orientando os falantes sobre como utilizá-las. É aplicada em situações que exigem um certo grau de formalidade.






Por outro lado, dizemos que uma construção é agramatical quando ela não obedece as regras próprias  de organização do idioma.

Exemplo: 
Pessoal, o que ocês tá querenu?

A gramática internalizada mostra como a língua funciona na prática entre os falantes do idioma. Nesse caso, a frase "O que ocês tá querenu.", embora desconsidere as regras estabelecidas pela gramática normativa, pode ser considerada certa pelas perspectivas da  gramática internalizada pois nesse exemplo ocorre a compreensão do que foi dito.


Variedades linguísticas

A variedade padrão, também conhecida como língua padrão ou língua culta formal é baseadas nas regras da gramática normativa e empregada em situações específicas de formalidade como na publicação de livros, relatórios, documentos oficiais e em situações sociais como palestras, discursos e entrevistas de emprego. É considerada a língua de maior prestígio devido ao seu vocabulário mais refinado e sofisticado.

Exemplos:

Entrem e sentem-se. A nossa palestra começará dentro de alguns minutos.

Com licença, posso interrompê-los por um instante? O que tenho para tratar com vocês é da máxima urgência.

       
A variedade não padrão ou língua informal é aquela que segue o padrão coloquial ou coloquial-popular. É a mais difundida e usada pela maioria das pessoas em suas relações sociais do cotidiano. Caracteriza-se pela despreocupação em seguir normas rígidas  e admite expressões populares como a gíria e os neologismos, por exemplo. É a forma espontânea de comunicação que usamos diariamente com os nossos familiares, amigos e vizinhos.

Exemplos: 

Cara, você tá meio desligado desde ontem. Tá tudo bem?

Amiga, dê um tempo no celular e pegue firme nos estudos! As provas já estão aí.


A língua é uma unidade viva e, por isso, está em constante transformação. As modificações sofridas por ela devem-se à influência dos próprios falantes que têm a total autonomia para criar novas palavras e assimilar outras provenientes dos mais variados idiomas. 

A partir do momento em que a nova palavra é criada, é imprescindível que ela seja compreendida, aceita e utilizada pelos demais falantes. 

Quando isso ocorre, ela passa a integrar o vasto vocabulário que compõe o léxico da língua.

É preciso então, levar em consideração que a autonomia dos falantes possibilita também a adaptação do uso da língua de acordo com as mais diversas situações. 

As variações linguísticas tornam o idioma mais dinâmico e facilitam a comunicação, principalmente no que se refere a determinados grupos sociais.

Falando de uma forma simplificada, percebe-se na língua portuguesa, a existência de 4 tipos distintos de variação linguística:


Variação sociocultural:

Relaciona-se ao grau de escolaridade, ao sexo, à idade, à profissão, ao grupo social que o falante pertence e até mesmo à sua profissão.

Exemplo: 

Mamãe, eu não quero soninho. (reproduzindo a fala de uma criança pequena.


Variação situacional
:

É o tipo de variação que  é influenciada pela  situação em que ocorre. 

Há uma maneira de falar que é utilizada no trabalho, por exemplo, e outra que é utilizada entre amigos ou família. 

Ocorre aqui a alteração no nível de formalidade ou informalidade.

Exemplos: 
     
A testemunha nada tem a declarar. (Fala de um advogado adequada no exercício de sua função.)

Cara, bora marcar um churrasco para o fim de semana. Vamos reunir a galera! (situação informal entre amigos que permite a total liberdade de expressão.)


Variação histórica
:
Como foi mencionado no início, a língua é uma unidade viva e se modifica com o passar do tempo. Portanto, não se fala hoje em dia da mesma forma como se falava no passado.

Exemplos:

Logrando estou, senhora, um brando riso
      
Daquela doce boca e vista pura

Ua rara beleza, ua figura

Que me faz ver na terra o paraiso.
                                                              
                          (Soneto de Duarte Dias, do século XVI)



V
ariação geográfica
:
A língua pode variar também de acordo com cada região. 

Pode ser com um sotaque ou uma pronúncia diferente, como pode ser facilmente verificado entre as falas dos mineiros, dos gaúchos e dos cariocas, por exemplo, ou com a utilização de palavras diferentes que possuem o mesmo significado.
               

Exemplos: 


Tenho dois filhos: um piá e uma menina. (típica fala do 

paranaense)
      
     
Tenho dois filhos: um menino e uma menina. (típica fala 

do carioca)


  
Aqui, ressalta-se também a evidente difereça   

entre  português do Brasil e de Portugal:


Exemplos: 


Telemóvel (celular em Portugal)
      
Camisola (blusa em Portugal)


Vale ressaltar que é  preciso  respeitar a maneira de falar 

dos outros grupos sociais, diferentes dos nossos. 


Não existe nenhum grupo que seja superior ou inferior a 

outro, eles são apenas  diferentes  entre  si. 


 Julgar   as  pessoas  de acordo com  a  sua  forma   de   se   

comunicar   é   uma   forma  de preconceito  linguístico

  que   deve   ser   evitada  a  todo custo. 


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